A anomalia congênita se caracteriza pela presença de dois ureteres que se conectam a um único rim
A duplicidade ureteral é uma condição congênita (presente desde o nascimento) na qual a pessoa possui dois ureteres saindo de um único rim para transportar a urina até a bexiga em vez de apenas um ureter por rim, como é comum em indivíduos sem essa condição.
Estima-se que essa situação acometa de 1 a 2% da população, sem predileção por homens ou mulheres. Embora não cause problemas de saúde significativos, a duplicidade ureteral pode aumentar o risco de infecções do trato urinário (ITU) e cicatrizes renais se os quadros agudos não forem adequadamente tratados.
Preciso tratar a duplicidade ureteral!
Índice
Causas da duplicidade ureteral
A duplicidade ureteral é causada por uma falha no desenvolvimento embrionário, especificamente na fase de divisão do ureter em desenvolvimento. Os motivos que levam a essa ocorrência não são esclarecidos, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam estar envolvidos.
Assim, como se trata de uma alteração que ocorre durante o período embrionário de formação das vias urinárias, é possível que um mesmo paciente tenha mais anomalias associadas, como hidronefrose, refluxo vesicoureteral ou outras.
Classificação da duplicidade ureteral
A duplicidade ureteral pode ser completa ou incompleta. É chamada de completa quando os dois ureteres que saem dos rins não se encontram em nenhum ponto antes de atingir a bexiga, ao passo que na incompleta os ureteres se conectam em algum ponto entre o rim e a bexiga, chegando apenas um ureter na bexiga.
Habitualmente, as duplicidades incompletas não se associam a problemas urológicos, porém, as duplicidades completas raramente não se associam a problemas urológicos. Isso porque um dos ureteres, normalmente o que drena a porção superior do rim, está implantado em um local inapropriado ou de maneira errada, que pode ser na própria bexiga ou no colo vesical, uretra, cúpula vaginal, útero. É justamente por isso que a duplicidade ureteral completa pode apresentar-se com uma gama grande sintomas, não somente infecção de urina.
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Sintomas da duplicidade ureteral
A maioria das pessoas com duplicidade ureteral incompleta não apresenta sintomas e pode não saber que tem a condição até que seja diagnosticada por acaso durante um exame médico ou durante a investigação de causas para infecções urinárias de repetição.
Porém, nos casos de duplicidade ureteral completa são comuns as infecções urinárias de repetição, dilatações do ureter e/ou piélicas, incontinência urinária e dor lombar, a depender do local em que o ureter da unidade superior está inserido.
Diagnóstico da duplicidade ureteral
É importante que a duplicidade ureteral seja diagnosticada e acompanhada por um médico urologista para evitar complicações e problemas de saúde a longo prazo. Normalmente, a suspeita diagnóstica vem da própria queixa do paciente, sendo confirmada por meio de exames de imagem, como ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética a partir de queixas relacionadas ao sistema urinário. Também faz parte dessa investigação o exame comum de urina, que geralmente é solicitado para descartar outras causas e identificar sinais de infecção.
O ultrassom é geralmente o primeiro exame realizado para diagnosticar a duplicidade ureteral, pois é indolor, não invasivo e não utiliza radiação ionizante. Porém, um ultrassom negativo não descarta o diagnóstico, visto que é um exame “operador dependente”. Por isso, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem ser mais precisas na avaliação de anomalias do trato urinário. Outros exames que podemos empregar na investigação da duplicidade ureteral completa são a urografia excretora, uretrocistografia retrógrada e miccional.
Em alguns casos, a duplicidade ureteral pode ser detectada acidentalmente durante um exame médico para outra condição, como uma dor abdominal ou lombar inexplicável ou durante um exame pré-natal de rotina.
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Tratamento da duplicidade ureteral
O tratamento da duplicidade ureteral incompleta normalmente não necessita de qualquer tratamento. É necessário apenas o seguimento urológico regular para acompanhamento. Por outro lado, a duplicidade ureteral completa habitualmente necessita de tratamento cirúrgico, por conta das complicações associadas a essa malformação. A forma de tratamento depende de alguns fatores, dentre os quais destacam-se o grau de funcionamento da unidade superior do rim, o local de implante do ureter ectópico, se existem presença de refluxo ou ureterocele, entre outros. Assim, para saber qual a melhor opção de tratamento e quando alguma intervenção se faz necessária, é fundamental realizar acompanhamento médico com um urologista.
É importante lembrar que o tratamento da duplicidade ureteral completa deve ser individualizado e baseado nas necessidades e sintomas de cada paciente.
Cuidados e recomendações pós-tratamento
Após o tratamento da duplicidade ureteral completa, é importante seguir as recomendações do médico e tomar medidas para prevenir futuras complicações e a necessidade de intervenções mais invasivas. Algumas recomendações gerais incluem:
- Tomar todos os medicamentos prescritos pelo médico e nos horários corretos;
- Manter uma boa higiene pessoal para prevenir infecções do trato urinário, como lavar as mãos com frequência, limpar a área genital regularmente e usar roupas íntimas limpas;
- Beber bastante água e urinar com frequência para manter o trato urinário saudável e prevenir infecções;
- Fazer exames de acompanhamento conforme indicado pelo médico para monitorar a função renal e detectar quaisquer complicações.
Por fim, é importante entrar em contato com o médico se houver sinais de infecção do trato urinário, como dor ao urinar, micção frequente, dor lombar ou febre, pois o tratamento precoce pode ajudar a prevenir complicações mais graves relacionadas à duplicidade ureteral.
Tire dúvidas ou marque sua consulta para saber mais a respeito com o Urologista Dr. Rafael Locali.
Fontes:
Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem
Sociedade Brasileira de Urologia