A criptorquidia é uma condição relativamente comum entre os bebês nascidos a termo, mas que deve ser acompanhada e tratada em alguns casos
Embora a criptorquidia, que é a ausência da descida testicular, geralmente tenha autorresolução em até 6 meses, é muito importante que os pais e médicos fiquem constantemente atentos, pois a cirurgia de correção deve ocorrer entre seis meses até, no máximo, os dois anos. O Ministério da Saúde orienta que se aos seis meses não for possível palpar os testículos na bolsa testicular, a criança já deve ser encaminhada para o urologista pediátrico, que realizará uma investigação mais detalhada e, se necessário, fará a cirurgia.
Vale ressaltar que esse é o período ideal para agir, porque sabe-se que depois dos dois anos o tecido testicular passa a sofrer alterações que aumentam a probabilidade de neoplasias e de infertilidade no futuro. Portanto, a criança deve ser avaliada e acompanhada pelo urologista pediátrico.
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Índice
O que é a criptorquidia?
A criptorquidia é uma condição que se caracteriza pela não descida dos testículos e que acomete até 4% dos meninos nascidos a termo, ou seja, após a 37ª semana de gestação. Ela também pode ser unilateral (75 a 90% dos casos) ou bilateral (10 a 25% dos casos), sendo que a presença dessa condição pode associar-se ao aparecimento de outras doenças, como hérnias inguinais, neoplasias testiculares, paralisia cerebral, artrogripose, onfalocele e outros.
Além disso, a bolsa testicular é o local ideal para a permanência dos testículos, pois a temperatura é ligeiramente menor que no restante do corpo. Por outro lado, quando os testículos permanecem fora do local adequado, eles ficam em uma temperatura mais elevada, o que pode comprometer as funções básicas desse tecido, principalmente a fertilidade e a produção hormonal, podendo gerar um déficit nessa produção, especialmente da testosterona.
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Quais as causas da criptorquidia?
As causas exatas que explicam o aparecimento da criptorquidia ainda não foram totalmente desvendadas, mas entende-se que ela pode ser congênita ou adquirida. O que se sabe é que, nesse quadro, ocorre um erro da migração do testículo para a bolsa testicular durante a vida intrauterina, que deveria acontecer entre a 12ª e 28ª semana de gestação.
Antes disso, os testículos se localizam próximos aos rins e, quando estão plenamente desenvolvidos, sofrem ações hormonais que estimulam a migração para o escroto. Esse movimento ocorre primeiro da região infrarrenal (abaixo dos rins) para a região inguinal sob efeito do hormônio antimülleriano (AMH). Em um segundo momento, os testículos devem migrar da região inguinal até o escroto, sendo essa uma ação dependente de andrógenos.
Portanto, o que se sabe é que dentre as causas da criptorquidia estão os fatores congênitos e adquiridos, que podem afetar as etapas da migração dos testículos para a bolsa testicular.
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Criptorquidismo congênito ou adquirido
Quando se diz que uma doença ou condição é congênita, significa que a criança já nasceu com esse problema. Dado que a incidência da criptorquidia é maior em crianças cujos familiares também apresentaram esse quadro na infância, pode-se afirmar que a criptorquidia tem, também, um componente genético associado.
Por outro lado, sabe-se, também, que essa condição pode ser adquirida, ou seja, não ter relação apenas com fatores hereditários, mas também com condições ambientais, como a exposição materna a substâncias perigosas, idade materna avançada, apresentação pélvica do bebê, prematuridade e baixo peso ao nascimento.
Sintomas da criptorquidia
A criptorquidia na criança não gera sintomas específicos, exceto a ausência de testículos à palpação do escroto. É por isso que é tão importante que os pais sejam instruídos a fazer a palpação correta dos testículos, que não faltem em nenhuma consulta de puericultura e que o médico pediatra não deixe de verificar a localização desses órgãos em todas as consultas.
Nesse sentido, ao notar que os testículos ainda não desceram quando a criança atinge os seis meses, é protocolo nacional do Ministério da Saúde que o pediatra geral faça o encaminhamento ao urologista pediátrico, que dispõe das ferramentas diagnósticas e terapêuticas adequadas para tratar a criptorquidia e o testículo retrátil.
É importante se atentar que em alguns casos os testículos podem estar normalmente posicionados no escroto, mas se retraírem em situações específicas como frio, medo e atividade física. Esse é o caso do testículo retrátil, que é desencadeado por um reflexo aumentado do músculo cremaster, responsável por fazer o testículo subir e descer, nas situações de frio e calor.
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Diagnóstico da criptorquidia
A criptorquidia pode ser diagnosticada através de exame clínico de toque, em que o médico pediatra realiza a palpação do escroto do bebê. Neste momento, o especialista verifica se os testículos estão ou não no interior da bolsa testicular, o que caracteriza a condição.
É importante ressaltar que, nem sempre, a palpação do testículo é fácil, e muitas vezes existe uma falsa impressão de que os testículos estão bem-posicionados, quando na verdade não estão. Por isso, na mínima suspeita de criptorquia, é fundamental a avaliação de um especialista em urologia pediátrica.
Complicações da criptorquidia
Como já citado, a criptorquidia pode causar infertilidade ou uma “sub-fertilidade”, uma vez que o desenvolvimento do testículo é comprometido quando não está adequadamente posicionado no interior do escroto. Além disso, a produção hormonal do testículo também pode ser comprometida, pelo mesmo motivo.
Outra complicação da criptorquidia pode ser o câncer de testículo, já que estudos indicam que homens que possuem a condição estão sujeitos a um risco 50 vezes maior de desenvolver tumores na região do que os homens que não apresentam a criptorquidia.
Por essas razões, é importante que a criança seja avaliada e seguida rotineiramente por um médico pediatra desde o início da vida. Caso haja suspeita ou a confirmação de criptorquidia, os tratamentos devem ser iniciados o quanto antes com um médico urologista infantil, que é o especialista no tratamento da criptorquidia.
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Tratamento da criptorquidia
Em aproximadamente 75% dos casos de criptorquidia os testículos descem para a bolsa testicular até o sexto mês, lembrando da necessidade de corrigir a idade pela semana de nascimento, nos casos de crianças prematuras. . Porém, quando a criança já tem seis meses de idade corrigida e os testículos ainda não desceram, é preciso realizar um procedimento cirúrgico para levá-los ao local correto. O mais indicado, porém, é que a equipe médica já cogite o tratamento cirúrgico logo aos seis meses, iniciando as investigações e protocolos para realizar o procedimento quanto antes.
A cirurgia para tratar a criptorquidia é a orquidopexia, um procedimento que precisa de anestesia geral, mas que, na maior parte das vezes, é de baixa complexidade, apesar do extremo cuidado para a sua realização. O cirurgião realiza uma incisão de 1 a 2 cm na região inguinal e, por meio dela, ele reposiciona os testículos para o local correto. Essa incisão também permite fazer a correção de hérnias associadas ao quadro, quando existem. É muito importante ressaltar que esse procedimento precisa ser realizado com lupas, para preservarmos todas as estruturas do testículo e cordão espermático, para que não haja atrofia ou mesmo lesões na irrigação sanguínea do testículo, assim como do ducto deferente (canal que levará, futuramente, os espermatozoides produzidos pelo testículo).
Porém, em casos em que os exames de imagem pré-operatórios não permitiram visualizar a localização exata dos testículos, pode ser preciso realizar uma cirurgia exploratória por laparoscopia. Nos dois casos, o paciente tem alta em até 24 horas se não apresentar complicações.
Por outro lado, no passado, tentou-se fazer uso de tratamentos hormonais com a gonadotrofina coriônica humana (HCG) para a criptorquidia, porém, todos os estudos falharam em mostrar eficácia do uso desse tratamento. Dessa forma, atualmente, o único tratamento para a criptorquidia é cirúrgico.
Recomendações
A principal recomendação para os pais de crianças com criptorquidia ou testículo retrátil é não perder nenhuma consulta ao pediatra e, caso necessário, buscar um atendimento especializado de um urologista pediátrico — principalmente se os testículos não estiverem na bolsa testicular aos seis meses.
Fontes: